olá pessoal, a sociedade diz que mulheres são delicadas,passivas e que são o sexo frágil mas dizem isso porque não percebem o quanto a masculinidade é frágil e quebra como vidro, por isso vim aqui  denunciar  como a imposição de uma masculinidade hegemônica torna a própria masculinidade algo frágil que precisa ser sustentado e reafirmado rotineiramente.

Para compreendermos um pouco sobre como a masculinidade é construída precisamos lembrar que o patriarcado junto com o machismo criou um padrão de homem ( masculinidade hegemônica), para legitimar inclusive a superioridade sob a mulher algumas características foram exaltadas e essencializadas na figura do homem e na construção da masculinidade, esse padrão de homem é branco e heternormativo .

Old Spicy trás uma representação do modelo de masculinidade hegemonica 

Na propaganda humorada da old spicy eles falam que o desodorante resgataria uma especie de homem que esta morrendo, o verdadeiro homem ? Mas o que é esse verdadeiro homem? Esse verdadeiro homem citado na propaganda é o modelo que representa a construção de homem hegemônica que idealizou um homem ideal como branco, hétero, jovem, sem deficiências, agressivo, forte, viril  com gosto voltado a caça, lógica e matemática , entre outros atributos também. Esse ideal de homem normatiza a masculinidade e rejeita todas as outras masculinidades subalternas destoantes do modelo hegemônica, assim como pra uma sociedade racista quanto mais negro você for mais lesado você será, numa sociedade que cultiva um modelo normativo de masculinidade  quanto mais distante desse padrão você for mais lesado você sera também, e nesse sistema patriarcal machista que cria uma hierarquias entre os homens e coloca homens afeminados, homens trans, homens negros e homens gays num patamar de inferioridade e apagamento, tanto é que a masculinidade de homens gays costuma ser frequentemente negada e apagada porque homem pra nossa sociedade é aquele que segue os padrões normativos de gênero.

Algumas pessoas que criticam o privilegio masculino costumam generalizar sem fazer recortes e colocar todos os homens no mesmo saco como se todos os homens fossem privilegiados pelo patriarcado da mesma forma atacando um opressor idealizado e esquecendo que existe um patriarcado branco e heterossexista que criar hierarquia entre os próprios homens, o homem branco, magro e hetero é mais contemplado pelos privilégios do patriarcado que o homem gay negro .

Esse modelo de mundo dividido em homens poderosos e mulheres subordinadas tem sido veementemente criticado por feministas negras, primeiro, porque nega estruturas de poder racistas entre diferentes mulheres; segundo, porque não é capaz de explicar porque os homens negros não lucram com o patriarcado. No período colonial era nítido a acetuada diferença entre o homem branco e o homem negro que tem reflexos até hoje .

Retrato de um homem desfrutando do privilegio da masculinidade branca
no período colonial

Assim como muitas minorias tentam adentrar no modelo normativo de ser da sociedade para conviverem melhor ou por que são ensinadas a se renegar como a negra que não aceita sua cor ou o gay que não sai do armário com os homens não seriam diferentes, o tempo todo homens tentam provar que correspondem ao modelo hegemônico de masculidade, para não deixar a peteca cair eles se afastam de tudo que é considerado feminino e reproduzem um comportamento sexual predatório, a masculinidade desse homem esta constantemente sendo desafiada pois esse homem não se comporta 24 horas por dia como um macho alfa deixando brechas para que sua masculinidade seja contestada , a sociedade na ansia de não perder esse macho alfa reforça de todas as maneiras que o homem corresponda ao padrão de masculinidade, é um dos mecanismos mais perversos para manutenção da masculinidade hegemônica é a Homofobia, o homem gay tem sua masculinidade constantemente depreciada, este é vitima de violências e chacotas, tudo isso revela que por tras de toda essa homofobia há uma exigência social para que esse homem corresponda aos ideais de masculinidade, e essa manutenção da masculinidade a um modelo normativo rigido faz com que a masculinidade seja como vidro e quebre varias vezes .

Refém de mecanismo sociais que tentam  nos encaixar num modelo de masculinidade  tive minha masculinidade questionada varias vezes , falavam que eu era muito afeminado, que eu brincava com boneca, que eu era gay, que gostava de assuntos de mulher , durante minha vida inteira toda vez que quebrei com esteriótipos de gênero minha masculinidade foi contestada, como não passo 24 horas do dias bancando o macho alfa abro brechas para que em um desses momentos minha masculinidade seja contestada, é essas contestações e vigilância da masculinidade reproduzida de modo frequente que torna a masculinidade quebradiça, qualquer ato considerado feminino pode ser repreendido numa tentativa de adequar os corpos aos padrões de gênero construídos socialmente, padrões de gêneros que não torna somente a masculinidade mas a própria feminilidade quebradiça e violenta.
Masculinidade do homem gay sempre colocada como subalterna
ao modelo hegemônico 
Um dia um grupo de amigos estavam falando de futebol e me perguntavam para que time eu torcia, eu respondi que nenhum, depois dessa resposta garotos zombaram e começaram a caçoar e falaram que eu era um cara estranho por não gostar de futebol, nesse momento percebi que minha masculinidade tinha quebrado por não corresponde aquele ideal de masculinidade, outra vez que minha masculinidade rachou foi quando me neguei a ficar com uma menina, minha masculinidade quebrou quando quis comprar uma roupa rosa, minha masculinidade quebrou quando disse que não era hétero, minha masculinidade quebrou quando disse que não me importava em ganhar menos que minha mulher caso cassase com uma, e nem preciso dizer que toda essa imposição de masculinidade além de ser toxica pra própria mulher que tem sua existência inferiorizada e depreciada em prol da identidade masculinidade e toxica para os próprios homens também.
O modelo de masculinidade hegemônica tras como reflexo também a
constante desvalorização , depreciação , negação e apagamento da masculinidade de
homens trans por não corresponder as normativas de gênero sociais.







   Um conceito que vem comumente sendo usado para denunciar essa violência é o sexismo que seria discriminação baseada em sexo ou gênero, esta fortemente associada a estereótipos e papéis de gênero e pode incluir a crença de que um sexo ou gênero é intrinsecamente superior ao outro, o sexismo pode ser visto quando dizemos que homens não são bons cuidadores de crianças e nem sabem cuidar do lar. Embora o sexismo afete os homens ele causa uma violência é opressão nitidamente maior em cima da mulher, a mulher é inferiorizada em função do homem  e oprimida por este, o fato do homem oprimir a mulher não impede que este também sofra opressão que no caso dos homens a opressão se da por ele mesmo ou seja o homem é oprimido por ele mesmo como acabamos de ver com a construção hegemônica e hierárquica de masculinidade e com a homofobia como reflexo desse construção,  isso não pode ser apagado e tem que ser discutido . 

Para complementar o texto deixo esse vídeo aqui pra vocês assistirem da campanha do coletivo de teatro homens libertem-se